Rotary Talks

ROTARY TALKS – “Água, saneamento e higiene”

A água fortalece a sustentabilidade das comunidades

No término de um mês que Rotary International dedica a água, saneamento e higiene, o Distrito 1970 convidou para o Rotary Talks, de 31 de março, quatro dos principais envolvidos no projeto WASH, da UNICEF, com o envolvimento de Rotary. Da conversa ficou a certeza que este é um tema de extrema importância nos dias de hoje, por potenciar saúde, e de que a sustentabilidade destas ações determina o próprio desenvolvimento das comunidades onde são implementadas.

A sessão começou com a apresentação do projeto WASH, por Ronald Denham (Canadá), baseando-se nos números impressionantes da realidade. Há 785 milhões pessoas sem acesso a água segura, 8000 pessoas morrem todos os dias devido à falta de água potável e mulheres e crianças (normalmente raparigas) gastam várias horas por dia a recolher água. Esta realidade agravou-se com a pandemia, que exigiu mais cuidado e mostrou a necessidade de transformar práticas e aumentar a capacidade das instalações de saúde. Assim “os Rotários ajudam, com projetos na Índia e Quénia, a aumentar a água potável, potenciado por sistemas recolha águas pluviais, poços, entre outros”. “O Grupo WASH tem um grande papel no sentido de fortalecer o conceito de sustentabilidade”, afirmou. Foi implementado o projeto SODIS, com a possibilidade da desinfeção da água, foram construídas barragens, blocos sanitários, etc.. “O facto de passarem menos tempo a recolher água possibilitou às mulheres terem mais tempo para poderem trabalhar num negócio próprio e poderem ganhar algum dinheiro”, notou Ron, acrescentando que estas iniciativas “devem ser concebidas para terem impactos a longo prazo; é preciso envolver e capacitar a população, é preciso mudar comportamentos”.

Michael Paddock (EUA), membro do Rotary Club de Milwaukee, é conselheiro técnico para as questões da covid-19 no Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, é o responsável pelo WASH na Guatemala. A covid-19 foi um obstáculo para o projeto, mas não o paralisou. “Com a covid-19 foram desenvolvidas parcerias com o exército, com o Ministério da Saúde, com outros clubes através da criação de bolsas globais”, explicou. Encontraram parceiros para a conceção de equipamentos de proteção individual e criadas unidades de tratamento de água. No terreno, e reconhecendo que a pandemia “veio aumentar a necessidade de água por paciente”, o projeto desenvolveu “uma ferramenta que permite identificar onde a água é mais necessária”.

Viajando para outras latitudes, Ryan Rowe (Canadá), apresentou a iniciativa HANWASH, no Haiti. Esta é uma ação com visão para o futuro (uma estratégia de saneamento que leva água a muitas regiões do Haiti). “É possível mudar a mentalidade de projetos de água e saneamento de uma perspetiva de caridade para uma perspetiva de desenvolvimento sustentável. As populações conseguem gerir e suportar as despesas e ao mesmo tempo acumular poupanças”, vincou, reforçando as mensagens dos intervenientes anteriores.

“Fazer algo que dê oportunidade de escolha às pessoas é fantástico. As parcerias criam sustentabilidade e impacto e a participação dos clubes traz input e conhecimento que muitas vezes são mais importantes do que assinar um cheque”, afirmou Nancy Gilbert (Canadá). Para esta consultora do WASH, “a água e o saneamento são fundamentais para a prevenção de doenças. A visão global da WASH é que todas as instalações tenham as condições e as práticas necessárias para garantir um melhor serviço à população”, revelou. Não espanta, por isso, que “a mortalidade infantil e materna tenha descido para zero depois destes projetos”. Outra das consequências do WASH foi o aumento do número de meninas a frequentar a escola. “Os projetos centram-se mais nas mulheres porque são estas as responsáveis pela recolha da água e por cuidar da família”, explanou. Com a melhoria da captação de água e o seu tratamento, as meninas e as mulheres ganharam liberdade de tempo para outras atividades.

No final da sessão, o Governador do Distrito 1970, Sérgio Almeida, reforçou a valia do programa. “A OMS estima que por cada dólar investido no WASH haja um retorno de 3 a 34 dólares”, informou.

O Rotary Talks tem como parceiros a Católica Porto Business School, Fundação AEP e a Fundação Manuel António da Mota. A sessão de março foi de acesso livre no Zoom e transmitido em direto no facebook do Distrito 1970, onde pode ser revisto

https://www.facebook.com/RotaryPortugalDistrito1970/videos/503494237722466